Parte III - Reconexão, Família
O DESPERTAR
Num dia qualquer de 2012, ao emergir das águas de uma praia onde mergulhava, Bruno viu a luz forte e intensa do sol. Essa imagem gerou um estado de encantamento que ficou registrado em sua mente e alma. Desse instante nasce seu despertar para a arte: materializar e transformar o momento efêmero em eterno. A fotografia passa a ser seu instrumento para a concretização desse desejo.
Naquela ocasião com 24 anos, período em que foi viver em Salvador (BA), cercado pelas paisagens da cidade, Bruno faz germinar uma semente que constitui sua própria essência, a íntima relação com a natureza. Quando criança folheava com enorme interesse as edições que seu pai colecionava da revista “National Geographic”, famosa por suas imagens pitorescas, em áreas como geografia e biologia. Ainda criança, nas aulas de ciências, ao ver a ilustração de uma célula, Bruno pensou ‘quero estudo isso’. A concretização do seu sonho se deu com sua formação em Ciências Biológicas, e desde então nunca mais se afastou da área.
Sua ligação com a natureza está arraigada em raízes anteriores a sua infância, na sua própria ancestralidade. Natural da pacata cidade de Bom Jesus do Itabapoana, no interior do Rio de Janeiro, onde se localizava o primeiro sítio da família, Bruno pode experimentar um contato direto com a vida pulsante da terra, grande paixão de seu pai. Entre suas brincadeiras estavam presentes cavalos e galinhas, sendo os bichos e as plantas seu habitat natural. Numa ocasião, seu pai lhe trouxe e abriu em sua frente ovinhos de uma cobra coral. Sua curiosidade e interesse deram lugar a qualquer tipo de medo ou estranhamento que supostamente poderia sentir.
Suas trajetórias de vida e como fotógrafo se entrecruzam e se encontram na experiência sobre o natural. Talvez esse caminho explique por que a iniciação de Bruno na fotografia não tenha acontecido de forma planejada. O caminho que se faz ao caminhar.
Após o seu “despertar”, Bruno adquiriu uma Nikon D90, considerada uma câmera de entrada avançada e teve aulas sobre como usar o equipamento com o conceituado fotógrafo baiano Alex Oliveira (@ presente.vivo) Já a sensibilidade do olhar foi sendo desenvolvido com a prática. Nesta perspectiva podemos considerar Bruno um autodidata, em constante desenvolvimento. A fotografia se torna um canal para expressar aquilo que já via e a máquina um instrumento para materializar seu olhar sobre a natureza.
Além da Bahia, como biólogo, Bruno teve a oportunidade de viver uma temporada no bioma Amazônico (oeste do Pará). Hoje reside no Planalto Central, onde segue se aprofundando na fotografia de natureza, explorando as chapadas, vales e campos do tão impactado Cerrado. “Meu lugar na arte só poderia ser esse, como fotógrafo de natureza. Essa não foi uma escolha a priori. Percebi que mesmo quando fotografava pessoas, elas estavam sempre em um ambiente natural, que predominava na minha fotografia” declara o fotógrafo.
Daí nasce sua marca DENDRO, radical de Árvore em grego, baseada no conceito da Terra como um grande sistema vivo. O encontro com a fotografia foi um resgate de sua infância, de sua formação como biólogo e de sua ancestralidade, uma vez que as árvores representam nossas raízes. Bruno une arte e ciência na captura da manifestação do meio ambiente circundante, revelada em imagens exuberantes e às vezes até mesmo surreais.
Em suas viagens por seu estado natal e a Bahia outro conceito surgiu diante das interferências antrópicas na paisagem, o encontro de Dendro com o artificial. Desde imensas torres em lugares ermos ao concreto misturado ao solo o animal sapiens configurou seu biótopo com suas tecnologias para permitir se estabelecer como espécie dominante neste Sistema Artificial.
Desde então Bruno segue desenvolvendo estas duas linhas em paralelo: a fotografia de natureza crua e a de elementos advindos do urbano incluindo o contexto humano inserido nestes espaços.
Respire com calma, conecte-se a um sentimento, lugar ou alguém que te acalme e venha imergir no imaginário natural de Bruno Grillo...
