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Dendro 

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Curadoria: Renato Negrão

Poesia: Danilo Mendes e Bruno Grillo

Projeto gráfico: Bernardo Borges

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O homem e a natureza me parecem que são parte da mesma criação, e portanto são fontes de uma materialidade singular, a gênese do mundo.

 

Com o passar do tempo, as grandes revoluções foram se estabelecendo, e esse homem natural, parte integrante da energia que move o mundo, foi se afastando de sua relação simbiótica com a biosfera.

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Bruno Grillo, no entanto, teve o tempo e a oportunidade de resgatar - ao seu modo - este ser integrado a ordem natural durante os seus meses de isolamento, no sítio dos seus pais em sua cidade natal Bom Jesus do Itabapoana (RJ). Biólogo de formação e artista de alma, Bruno conseguiu conectar sua essência ao entorno e, através de ações performáticas, cria um ensaio fotográfico digno de marcar um período tão importante como os anos da Pandemia do Covid-19.

 

Histórico ou artístico, visceral ou performático, o que o autor nos apresenta e deixa como herança para as gerações futuras é um ensaio forte sobre a sua experiência nesse hiato que foi o isolamento social. Ali, para conseguir suportar toda complexidade de emoções, ele foi Narciso, foi Ofélia, flertou com Hamlet, entre tantos outros personagens marcantes para a  humanidade e que tiveram sua história conectada com a natureza.

 

Picasso nos disse que "A arte não é a verdade. A arte é uma mentira que nos ensina a compreender a verdade". Acredito que Grillo, em seus momentos de intimidade, solitude talvez, criou um roteiro imaginário, materializando as imagens que existiam dentro dele, longe daquilo que estamos acostumados a ver em uma fotografia. Entretanto, como nos lembra o grande pintor do século XX, esta "mentira" nos ajuda a entender e dar vazão a boa parte de como o artista  resistiu, manteve-se mentalmente saudável e, mostra agora ao público o resultado de sua experiência criativa em um período tão emblemático da história deste início do século XXI.

 

Renato Negrão - Curador.

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Parte I - Renascimento

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Garça no lusco fusco, 22/04/2020
 

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Samambaias ao anoitecer

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Autorretrato de costas ao Luar, 07/07/2020 00:36 h

          O poema biológico

me perguntei, 
por que o escolhido foi o macaco?
quando poderíamos ter asas,
olhos de águia,
olfato de lobos,
a sensibilidade de um polvo,
a audição de morcegos,
a memória de um elefante
e sobretudo,
nos alimentar de luz.

                                  
Bruno Grillo, 2019.

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Brincando com a sombra do tripé I - 21/05/2020

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Brincando com a sombra da árvore  -  29/06/2020

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Autorretrato com trator

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Pique esconde de noite, 30/06/2020 00:13h

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Minha dualidade cristã, 21/05/2020

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Autorretrato com câmera na garagem do sítio, 21/05/2020

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Ancestral e o refúgio das ararinhas (Primolius maracana)

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A noite sempre nasce dentro da gente. E a lua, quando fria, lança seus silvos pelos arvoredos,   soturnos da infância que contaram pra gente que era, então aí tudo é nebuloso. Foi como esse flash de paisagem e simbiose quando na mata acordei conectado aos galhos daqueles braços imensos da regeneradora terra mãe. No que ela me tocou, e eu estava nu. Restos da areia escura do chão se desprenderam ao estalar do contato de finos galhos iguais a veias. Feito como se a noite me desfez em hipnose. Fundei-me ali, regenerado, os pés no manto quente de uma terra que parecia pulsar. Fundação. Foi assustador e libertário aqueles tentáculos noturnos me ensinando sobre coragem e maturidade.                                                             (Danilo Mendes, 2021)

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Lua crescente, 30/04/2020, 18:18 h

Lua crescente, 30/04/2020, 18:31 h

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 Dendro # 1, A regeneradora , 14/05/2020

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O chamado, 18/05/2020

Metamorfose I, 18/05/2020

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Met. II

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Met. III e a estrela distante

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Met. IV. e meu renascimento

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A inserção de Dendro 

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Folhagem de Chrysophyllum caimito (Abiu)  

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III

I

II

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IV

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VI

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A máscara de Abiu (Chrysophyllum caimito), 11/05/2020

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V

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VII

Processo criativo I, 10/05/2020

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II

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Autorretrato Resiliência, 11/05/2020 00:18 h

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O Ceifador , 15/05/2020

O que me puxou para o mato foi a virgindade de suas emanações. Se você larga um serrote ao tempo ele enferruja das pancadas de chuva e calor. Feito a gente carregando na bagagem da alma as visões e ideias e dedos em riste pelo caminho. Mata virgem : refúgio. Eu precisei me des/re-fazer. Pelo trajeto fui deixando pedaços. Havia uma serpente. Feito miragem, a vi descamando, me comunicando algo. Resolvi me entregar de vez, sem retorno. Havia pedaços, agora meus, se desmontando, desintegrando, rompendo bagagens, as quais, não eram minhas, que não serviam mais para mim. A mata fria, de emanações virgens, eu embrenhado naquele ritual acasalador. Deixei-me penetrar pelo não penetrável. Aprendendo sobre liberdade na ânsia por reconectar ao imaculado a fim de desmacular, ao meu modo, caso queira, no momento da maturação das minhas decisões.
No retorno, eu via que o mato eu saí rompendo feito um serrote afiado. A chuva começou a castigar. Eu já não me importava e o serrote reluzia na noite.                             
                                                                                                                                                         (Danilo Mendes, 2021)

O reencontro com minha essência, 15/05/2020

Continua...

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